O mercado de material de construção está passando por uma profunda transformação em todo o seu ecossistema, da indústria ao varejo, passando pelos atacadistas distribuidores e pelos serviços agregados. Esse cenário impõe novos desafios e, ao mesmo tempo, abre oportunidades inéditas para quem está atento às mudanças, especialmente no que diz respeito à gestão de estoques e à eficiência logística.
O fim dos grandes estoques no varejo
Tradicionalmente, o varejo de material de construção operava com grandes estoques, buscando atender rapidamente às demandas dos consumidores. No entanto, essa estratégia tem se tornado cada vez menos eficiente diante de fatores como:
- Aumento do custo de capital imobilizado em estoque;
- Limitações físicas de espaço nas lojas;
- Risco de obsolescência ou perda de produtos;
- Necessidade de maior agilidade e variedade na oferta.
Com isso, ganha força a ideia de estoques mais enxutos, com foco no giro de mercadoria, ou seja, na velocidade com que os produtos entram e saem do ponto de venda. A rentabilidade está cada vez mais ligada à eficiência logística e à capacidade de reposição rápida, e não ao volume estocado.
A evolução da logística no atacado distribuidor
Nos últimos anos, os atacadistas distribuidores passaram por um processo de modernização acelerada, impulsionado por investimentos em:
- Centros de distribuição mais ágeis e tecnologicamente equipados;
- Sistemas de gestão integrados;
- Roteirização inteligente de entregas;
- Parcerias com operadores logísticos.
Hoje, muitos distribuidores conseguem realizar entregas em até 24 horas, com projetos já em fase de teste para entregas em menos de 12 horas em grandes centros urbanos. Esse avanço cria um ambiente propício para o surgimento de um novo modelo de negócio: a “prateleira infinita”.
A oportunidade da “Prateleira Infinita”
A “prateleira infinita” é um conceito em que o varejista passa a contar não apenas com o estoque físico em sua loja, mas também com o estoque virtual dos seus parceiros distribuidores. Assim, o cliente tem acesso a um portfólio muito mais amplo de produtos, com a possibilidade de comprar itens que não estão fisicamente disponíveis na loja, mas que podem ser entregues em pouco tempo.
Esse modelo oferece vantagens claras:
- Redução de capital imobilizado em estoque pelo varejista;
- Maior sortimento de produtos à disposição do consumidor final;
- Melhor experiência de compra, com mais opções e agilidade;
- Fortalecimento da parceria entre varejo e atacado.
Na prática, o varejo passa a funcionar como uma plataforma de vendas omnichannel, onde o cliente pode comprar online, retirar na loja, receber em casa, ou ainda fazer pedidos assistidos dentro do ponto físico.
Impactos para todo o ecossistema
A adoção do modelo de “prateleira infinita” representa uma mudança estrutural no ecossistema de material de construção:
- Para a indústria, significa um canal mais eficiente de distribuição, com maior visibilidade de demanda em tempo real;
- Para os distribuidores, a necessidade de excelência logística se intensifica, assim como a integração digital com os varejistas;
- Para o varejo, surge a oportunidade de oferecer mais, com menos, elevando a competitividade e a satisfação do cliente;
- Para os consumidores, a conveniência e a variedade se tornam o novo padrão de atendimento.
O caminho a seguir
Para aproveitar essa oportunidade, é essencial que os varejistas invistam em:
- Sistemas de gestão integrados (ERP, WMS, OMS);
- Plataformas digitais de vendas e integração com parceiros;
- Treinamento de equipes para um novo modelo de atendimento;
- Parcerias estratégicas com distribuidores ágeis e confiáveis.
Mais do que uma tendência, a “prateleira infinita” representa uma evolução necessária em um mercado cada vez mais competitivo, onde a experiência do cliente e a eficiência operacional são os novos pilares do sucesso.
Vitor Alberto Cunha
Professor universitário
Consultor empresarial
Diretor de capacitação da Acomac Porto Alegre