Nos últimos anos, a escassez de mão de obra no Brasil tem se tornado um tema recorrente nas conversas de empresários e gestores. E não estou falando apenas da dificuldade em encontrar profissionais altamente especializados. Hoje, até vagas operacionais e de nível técnico estão sendo preenchidas com dificuldade. Esse cenário preocupa e exige uma reflexão profunda sobre as causas e, principalmente, sobre as soluções.
Quando ando pelas ruas, vejo mais placas de “Estamos contratando” do que anúncios de produtos. Isso reflete a gravidade do problema. A questão que muitos fazem é: por que as vagas não estão sendo preenchidas? Será que os salários não são atrativos? Ou as condições de trabalho precisam ser repensadas? Talvez a resposta esteja em um conjunto de fatores que vão desde mudanças no comportamento da força de trabalho até o impacto da pandemia e das transformações tecnológicas.
A pandemia afastou muitos jovens da educação presencial, e o ensino online, embora tenha sido uma solução emergencial, não conseguiu suprir a demanda por qualificação profissional. Além disso, vimos um aumento significativo no empreendedorismo e na busca por formas mais flexíveis de trabalho. Hoje, as pessoas valorizam sua autonomia e, muitas vezes, preferem atividades independentes, como pequenos negócios ou trabalhos por aplicativos, ao invés da CLT tradicional.
E aqui está um ponto importante: a CLT foi criada na década de 1940, em um contexto completamente diferente do atual. Estamos no século 21, mas nossa legislação trabalhista ainda carrega muitos traços de um mundo analógico. Enquanto isso, vivemos em uma era digital que exige flexibilidade e novas formas de relação entre empregadores e trabalhadores.
Como mudar esse cenário? Primeiro, precisamos repensar a legislação trabalhista, tornando-a mais adequada à realidade atual. É crucial reduzir a carga tributária para as empresas, permitindo que o dinheiro seja investido em melhores salários, inovação e tecnologia. Em vez de penalizar quem gera empregos, precisamos incentivar.
Além disso, as empresas podem adotar novas estratégias para lidar com a escassez de mão de obra. Contratações PJ, freelancers e modelos híbridos são alternativas que já estão ganhando força. No entanto, isso não resolve o problema no comércio e no varejo, onde a presença de funcionários em tempo integral ainda é indispensável.
A verdade é que estamos diante de um desafio complexo, mas não insuperável. Essa crise exige que repensemos nosso sistema de trabalho e que tenhamos coragem para implementar mudanças estruturais. Mais do que nunca, é hora de inovar e agir para que empresas e trabalhadores encontrem um equilíbrio sustentável.