Estamos próximos das eleições em nossas entidades. Escolher novos líderes é sempre um momento de reflexão sobre a representatividade do setor. Liderar não é apenas ocupar um cargo, mas assumir a responsabilidade e o compromisso de servir, inovar e deixar um legado.
A pergunta que a maioria dos eleitos faz é: “o que devo fazer agora?”. No entanto, o verdadeiro questionamento deveria ser: “como posso contribuir para o crescimento desta entidade?”. Essa mudança de perspectiva é o primeiro passo para uma gestão que inspira confiança e gera resultados concretos.
Os desafios são muitos: atender às expectativas dos associados, propor projetos viáveis, organizar eventos relevantes, motivar equipes e representar o setor perante autoridades e parceiros. Nosso varejo de material de construção é um oceano de oportunidades, mas exige preparo, conhecimento técnico e equilíbrio entre interesses pessoais e coletivos.
Um ponto crucial é ampliar a participação das empresas. Em vários estados, mesmo com milhares de lojas de material de construção, ainda temos baixa adesão às ações associativas. Precisamos repensar estratégias: encontros e convenções alinhadas com a realidade dos varejistas, estabelecer um olhar diferenciado para o CNPJ de cada empresa, promover o engajamento digital, fomentar redes regionais mais fortes, incluir jovens empreendedores no debate, preparar sucessores e valorizar os pequenos lojistas que compõem a base do setor.
A experiência mostra que quando o lojista se sente ouvido e percebe retorno em capacitação, defesa institucional ou oportunidades de negócios, ele se engaja mais. Por isso, cabe aos líderes pensar além do presente: desenhar programas de longo prazo, estruturar agendas de relações institucionais em Brasília e nos estados, abrir espaços de diálogo com fornecedores e indústrias para garantir que a voz do setor seja respeitada em decisões estratégicas, como a Reforma Tributária ou normas de qualidade.
Outro desafio é acompanhar a transformação digital. As entidades precisam estar presentes onde o lojista está: nas redes sociais, em grupos de WhatsApp, em plataformas de conteúdo que ofereçam informação clara, objetiva e atualizada. A comunicação institucional deve ser ágil e próxima, reforçando o valor da coletividade.
Representatividade só é verdadeira quando envolve todos. O futuro das nossas entidades depende da capacidade de mobilizar pessoas, inovar em formatos e fortalecer a voz coletiva. Liderar é pensar grande, mas também é cuidar do detalhe que faz diferença no dia a dia do associado.
No fim, a pergunta não é “o que faço agora?”, mas sim: “que marca e que legado quero deixar para a próxima geração?”. A resposta está no equilíbrio entre tradição e inovação, no compromisso de servir e no desejo genuíno de transformar o setor para melhor.
Júlio João Pereira
CEO da Anamaco