Em tempos de incertezas econômicas, restrições de crédito e margens cada vez mais apertadas, empresas que conseguem inovar nas suas estratégias comerciais saem na frente. Um exemplo claro disso é o retorno – com uma roupagem moderna e mais estratégica – da conhecida prática da consignação.
Agora chamada de “venda para recebimento futuro”, essa modalidade vem ganhando espaço no mercado como uma solução inteligente e viável, tanto para fabricantes quanto para varejistas. E mais do que uma simples renomeação, trata-se de uma reinvenção do modelo, adaptada aos desafios e às oportunidades do varejo atual.
Recebimento futuro: como funciona?
Na prática, o fornecedor disponibiliza seus produtos ao ponto de venda sem cobrança imediata. O pagamento é feito gradualmente, conforme os itens são vendidos. Ao final do prazo acordado, o lojista quita o saldo restante ou devolve os produtos não vendidos, desde que estejam em perfeitas condições.
Esse modelo já está se consolidando no setor de material de construção, especialmente para produtos de maior valor agregado e menor giro. Mas seu potencial vai muito além.
Uma solução escalável para vários setores
O modelo de venda para recebimento futuro pode ser facilmente adaptado para segmentos como:
- Eletrodomésticos e eletroportáteis
- Móveis e decoração
- Artigos esportivos
- Ferramentas e equipamentos
- Moda premium e calçados
- Produtos de tecnologia e automação
Setores com produtos de valor mais alto e giro mais lento podem se beneficiar enormemente da redução de risco para o varejista e da ampliação da presença para o fornecedor.
Por que adotar esse modelo?
- Aumenta o número de pontos de venda atendidos
- Reduz a necessidade de capital de giro do varejo
- Garante maior diversidade de produtos nas lojas
- Amplia a penetração de marcas e produtos em novas regiões
- Fortalece a parceria comercial entre indústria e varejo
Mais do que uma tática comercial, a venda para recebimento futuro é uma estratégia de mercado, que combina flexibilidade, confiança e ganho mútuo. Em um ambiente onde todos buscam reduzir riscos e aumentar a competitividade, esse modelo representa uma evolução natural das relações comerciais.
Estamos prontos para essa transformação?
Implementar esse modelo exige planejamento, clareza contratual, governança e uma boa estrutura de acompanhamento. Mas os resultados podem ser transformadores para empresas que desejam escalar com inteligência, dividindo riscos e multiplicando oportunidades.
Seja no varejo físico ou no e-commerce, essa é uma tendência que vale a pena observar de perto – ou melhor, começar a praticar desde já.
Vitor Alberto Cunha
Professor universitário
Consultor empresarial
Diretor de capacitação da Acomac Porto Alegre