Sou empresário do setor Matcon há mais de 32 anos e formado em Administração. Minha trajetória nasceu no chão da loja, no contato direto com clientes, fornecedores e equipes. Não aprendi associativismo em teoria — aprendi vivenciando a realidade do varejo, enfrentando crises, recomeços, avanços e conquistas. E foi essa vivência que me ensinou algo simples: ninguém cresce escondendo números.
Participo há mais de 12 anos do Sindilojas Porto Alegre como Diretor e nos últimos 4 anos como Conselheiro Fiscal. Nesse período, entendi de forma clara que a confiança institucional é consequência da transparência. Entidade que presta contas regularmente não precisa justificar ações — os números justificam por ela. O associado vê, entende e apoia.
Na Acomac Porto Alegre construí uma trajetória intensa, que me trouxe maturidade e senso de responsabilidade. Fui Presidente na gestão de 2018/19 e, tanto antes como depois, fiz parte como Presidente Financeiro por dez anos, atravessando cinco gestões distintas. Lidar com orçamento, responsabilidade fiduciária e expectativas do setor me fez entender o que muitos evitam dizer: a diretoria não administra a própria entidade — administra um patrimônio coletivo.
Quando o patrimônio é coletivo, a transparência não é virtude: é obrigação.
Na Anamaco, vivi um capítulo que marcou minha vida profissional. Foram seis anos como Vice-Presidente Financeiro, período em que trabalhamos com processos claros, relatórios, controles e acesso às informações. Foi ali que vimos o setor amadurecer institucionalmente com a primeira eleição com duas chapas. Muitos enxergaram conflito — eu enxerguei evolução. Uma entidade que permite disputa está preparada para ser questionada. Uma entidade que mostra seus números está preparada para ser respeitada.
É exatamente aqui que quero tocar:
As Acomacs precisam aprender com a Anamaco.
Não se trata de política, vaidade ou disputa.
Trata-se de credibilidade.
Associação que esconde, afasta.
Associação que mostra, aproxima.
As Acomacs precisam sair do modelo antigo — aquele em que tudo é conversado, mas nada é apresentado. Elas precisam assumir o padrão de governança que o Matcon já exige: relatórios claros, prestação de contas, publicação periódica de resultados e gestão baseada em metas e indicadores.
Porque hoje, infelizmente, muitas delas não são transparentes como deveriam ser.
E não adianta dizer que “quem trabalha sabe”. Quem trabalha mostra.
E aqui está o ponto que separa discurso de prática:
Transparência não tira poder das diretorias — ela legitima.
Quem tem receio de abrir números, na verdade, tem receio do julgamento dos associados.
Eu dediquei boa parte da minha vida ao setor Matcon porque acredito nele. Porque sei o que ele representa para o país: emprego, renda, desenvolvimento e dignidade. O associativismo só é forte quando é honesto. E quem quer liderar precisa estar disposto a prestar contas.
Essa é minha visão, construída com experiência, suor e responsabilidade.
Não quero entidades maiores — quero entidades melhores.
E quem ainda não entendeu isso, cedo ou tarde, será ultrapassado por quem entendeu.
Paulo Gonzaga
Empresário do setor Matcon há 32 anos
Administrador de Empresas
