A Anamaco é uma das oito entidades que compõem a UNECS – União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços, uma das frentes mais representativas do setor produtivo brasileiro. Com atuação integrada junto ao Congresso Nacional, à Frente Parlamentar do Comércio e Serviço e aos órgãos do Executivo, a UNECS tem como missão articular soluções para desafios estruturais como a alta carga tributária, o custo do crédito e a insegurança jurídica. Nesta entrevista exclusiva, o presidente da UNECS, Leonardo Miguel Severini, faz um balanço dos primeiros meses à frente da entidade, destaca o papel estratégico da Anamaco na construção de uma agenda comum e antecipa as prioridades institucionais que devem guiar os próximos passos da união.
1. Prestes a completar três meses à frente da UNECS, que balanço o senhor faz deste início de gestão?
Assumir a presidência da UNECS tem sido uma experiência enriquecedora e ao mesmo tempo desafiadora. Nestes primeiros meses, nos dedicamos a ouvir atentamente as entidades que compõem a UNECS, identificar prioridades convergentes e intensificar o relacionamento institucional, tanto com o Congresso Nacional quanto com o Poder Executivo. Iniciamos um processo de reestruturação interna para dar ainda mais agilidade e eficiência à atuação da entidade. Também priorizamos uma comunicação mais integrada entre as entidades-membro, com o objetivo de fortalecer o posicionamento da UNECS em pautas de interesse comum. Acima de tudo, buscamos reafirmar o compromisso com a construção coletiva, o diálogo permanente e a valorização das contribuições de todos os setores que compõem essa união, com a simples premissa de que “juntos, somos mais fortes”.
2. A UNECS reúne entidades de diferentes setores. O que garante a coesão e a força do grupo?
O que nos une é muito maior do que aquilo que nos diferencia. Somos entidades extremamente capilares, e que representam a base da população de uma forma ampla. Ouso dizer que não há uma família brasileira que tenha um familiar ou seja próxima de um comerciante ou prestador de serviços. Apesar da diversidade setorial, todas as entidades da UNECS compartilham desafios estruturais semelhantes: a alta carga tributária, o excesso de burocracia, o custo elevado do crédito e a necessidade de um ambiente de negócios mais estável e previsível. A força do grupo vem da capacidade de dialogar com diferentes segmentos e, ao mesmo tempo, convergir em torno de pautas que beneficiam toda a cadeia de comércio e serviços — do pequeno empreendedor ao grande varejista. Essa representatividade, somada à atuação técnica e articulada, é o que faz da UNECS uma das vozes mais relevantes do setor produtivo brasileiro.
3. De que maneira a UNECS pretende atuar junto ao Congresso Nacional em 2025?
A atuação parlamentar continuará sendo um dos principais pilares da UNECS. Em 2025, o foco estará, sem dúvida, na regulamentação da reforma tributária, que será um processo complexo e decisivo para o futuro do setor. Vamos atuar para garantir que a legislação complementar seja construída com equilíbrio e isonomia, evitando distorções que possam penalizar o consumo, o investimento ou o emprego. Também continuaremos engajados nas discussões sobre a desoneração da folha, a modernização das relações de trabalho e a simplificação do ambiente regulatório. Tudo isso será feito em estreita parceria com a FCS – Frente Parlamentar de Comércio e Serviços, que é um canal essencial de diálogo entre o setor e o Legislativo.
4. A Anamaco é uma das oito entidades da UNECS. Como o setor de material de construção contribui para a agenda comum?
O setor de material de construção ocupa um papel estratégico na UNECS. Presente em todas as regiões do país, ele gera milhares de empregos e exerce forte impacto na vida das famílias brasileiras. A Anamaco contribui com uma agenda que alia desenvolvimento econômico e inclusão social, especialmente por meio da defesa de políticas que incentivem a construção civil, a habitação popular e o acesso ao crédito para reformas e melhorias habitacionais. Esse olhar atento à realidade das lojas e dos consumidores permite uma compreensão mais ampla dos efeitos das políticas públicas e enriquece a formulação de propostas com impacto direto na ponta. Sabemos que a construção civil é um dos pilares do crescimento econômico. Por isso, é essencial garantir que o setor siga forte, com bases sustentáveis e contínuas.
5. Quais projetos ou frentes institucionais devem ganhar mais atenção da UNECS este ano?
Além da regulamentação da reforma tributária, a UNECS deve concentrar esforços em temas como o financiamento do consumo, a digitalização dos negócios e a qualificação da mão de obra. Estamos também atentos às discussões sobre sustentabilidade, economia circular e energias renováveis, que vêm ganhando espaço nas agendas empresariais e institucionais. Outro ponto importante é o fortalecimento do pequeno empresário, que representa a base da economia nacional e um dos pilares da nossa atuação. Vamos também incentivar a inovação como ferramenta de adaptação e crescimento – seja por meio da digitalização, de novas tecnologias ou da modernização dos modelos de negócio.
6. Como o senhor vê a importância da FCS – Frente Parlamentar do Comércio e Serviços?
A Frente Parlamentar é um instrumento fundamental para o setor. Ela nos dá voz dentro do Congresso, cria pontes com os parlamentares e permite que os debates sobre projetos de lei tenham a contribuição técnica de quem está na prática do dia a dia. A parceria com a Frente não é apenas estratégica, mas também construtiva. Por meio dela, conseguimos posicionar nossas propostas com mais legitimidade e aumentar o impacto das nossas pautas junto aos tomadores de decisão.
7. Quais os maiores desafios enfrentados hoje pelo setor de comércio e serviços no Brasil?
O setor enfrenta um conjunto de desafios estruturais. A carga tributária continua elevada e complexa. O custo do crédito ainda é impeditivo para muitos empreendedores, especialmente os pequenos. Além disso, é fundamental garantir segurança jurídica, previsibilidade regulatória e melhores condições de segurança pública para que os empresários possam investir e operar com mais confiança. Esses são pontos que afetam diretamente o cotidiano das empresas e têm grande impacto no ambiente de negócios. Outro ponto importante é a transformação digital. Muitas empresas ainda estão em fase de adaptação, e é fundamental que políticas públicas apoiem a modernização tecnológica de micro, pequenas e médias empresas.
8. Em sua trajetória no setor atacadista e distribuidor, quais aprendizados o senhor traz para a presidência da UNECS?
Minha experiência no setor atacadista e distribuidor me proporcionou uma visão muito concreta sobre os desafios de operar em um país com dimensões continentais, onde o varejo regional tem um papel fundamental na distribuição de bens de consumo. Aprendi que ouvir o cliente, valorizar o capital humano e buscar eficiência em toda a cadeia são atitudes que fazem diferença — e esses princípios também guiam minha atuação na UNECS. Foi também na ABAD que compreendi a importância do trabalho em rede, da força da representatividade e da escuta ativa para construir soluções duradouras. Esses aprendizados são fundamentais para liderar uma entidade como a UNECS, onde o espírito coletivo é a base de tudo.
9. Como o senhor enxerga a atuação da Anamaco dentro da UNECS e sua contribuição para o fortalecimento institucional do grupo?
A Anamaco é uma entidade muito atuante, com excelente capilaridade e profundo conhecimento do setor que representa, e que tem demonstrado, através do Presidente Cassio Tucunduva, uma preocupação específica quanto a dois pontos extremamente sensíveis: a continuidade da implementação da Reforma Trabalhista e a inclusão de itens básicos da construção civil na cesta básica, isenta ou favorecida da tributação. A contribuição da entidade é extremamente relevante tanto nas discussões técnicas quanto nas articulações políticas. Sua presença ativa fortalece o posicionamento da UNECS em pautas como habitação, infraestrutura, crédito e consumo das famílias. Além disso, sua liderança tem participado ativamente da construção das estratégias da UNECS, o que demonstra compromisso com o coletivo e visão institucional.
10. A UNECS tem promovido pautas de grande impacto no Congresso Nacional. Como a Anamaco tem colaborado na construção dessa agenda legislativa?
A Anamaco participa de forma muito consistente dos nossos fóruns internos, trazendo informações valiosas, estudos técnicos e dados de mercado que nos ajudam a embasar nossas propostas. Também tem sido proativa no relacionamento com parlamentares e ministérios, o que amplia a força da nossa atuação. A colaboração da Anamaco é fundamental para que a UNECS tenha uma agenda legislativa diversa, concreta e conectada com a realidade dos lojistas. Isso tudo graças a uma atuação brilhante de meu caro amigo Cassio Tucunduva.
11. O setor de material de construção é um elo fundamental da cadeia de abastecimento. De que forma a UNECS pode apoiar ainda mais os lojistas representados pela Anamaco?
A UNECS pode ampliar esse apoio por meio de iniciativas que favoreçam o ambiente de negócios, reduzam a carga burocrática, incentivem a qualificação dos profissionais do setor e facilitem o acesso a crédito. Também podemos trabalhar em conjunto com a Anamaco na defesa de políticas públicas que estimulem a construção civil, a reforma de moradias e a sustentabilidade no setor. Nosso papel é dar visibilidade a essas demandas e fazer com que elas avancem dentro da agenda pública.
12. A Anamaco tem se destacado na defesa da desoneração do material de construção e da manutenção de incentivos ao setor. Essa pauta também encontra respaldo dentro da UNECS?
Sim, essa pauta é plenamente respaldada pela UNECS. Como relatei acima, essa é uma das duas principais preocupações do Presidente Cassio Tucunduva, que faremos questão de levar adiante. Compreendemos que a desoneração do material de construção tem impacto direto na qualidade de vida das famílias, no estímulo à economia e na geração de empregos. A defesa de incentivos responsáveis e bem estruturados, que promovam o desenvolvimento do setor sem comprometer a arrecadação, está alinhada com a nossa visão de política pública eficiente.
13. Na sua opinião, quais ações conjuntas entre UNECS e Anamaco poderiam ser ampliadas para gerar ainda mais resultados para o pequeno e médio varejo?
Acredito que podemos avançar ainda mais na integração de ações de capacitação, acesso a crédito e transformação digital. Também podemos construir campanhas conjuntas de valorização do varejo regional, fomentar boas práticas e ampliar os canais de diálogo com os poderes públicos. Temos a oportunidade de construir um verdadeiro legado para o pequeno e médio varejo por meio da soma de esforços. Essa é uma convicção que carrego comigo: resultados sustentáveis nascem da união e da ação concreta.
Por fim, qual mensagem o senhor gostaria de deixar aos empresários do varejo de material de construção que acompanham a Anamaco?
Quero deixar uma mensagem de valorização e incentivo. Vocês, lojistas de material de construção, são protagonistas na transformação das cidades, no conforto dos lares brasileiros e na geração de emprego e renda. A UNECS reconhece esse papel e está empenhada em atuar ao lado da Anamaco, principalmente ao lado do presidente Cássio Tucunduva, na construção de um ambiente de negócios mais saudável, mais justo e mais competitivo. Sigam firmes, empreendendo com coragem, porque o Brasil precisa de vocês.